Piscicultores do Castanhão esperam retomar atividade com chegada das águas do São Francisco
30 de junho de 2020
Parados desde 2018, produtores de tilápia em cativeiro vivem a expectativa de voltar à produção até o fim do ano.

Piscicultores do Açude Castanhão, o maior do Ceará, vivem a expectativa da retomada da produção de tilápia em cativeiro ainda neste ano diante da chegada das águas da Transposição do Rio São Francisco, que deve ocorrer em dois meses. A atividade foi paralisada em 2018 por causa do baixo volume hídrico no reservatório.
Hoje, o açude acumula 15,83% do volume total, aquém da reserva hídrica mínima de 20% exigida pelo Governo do Estado para autorizar a recolocação de gaiolas nos reservatórios. No entanto, com a chegada das águas do Velho Chico, este cenário tende a mudar no próximo trimestre e, assim, possibilitar o retorno gradual da atividade que teve seu ápice entre os anos de 2008 a 2014, com produção média anual de 20 mil toneladas. Em 2013, o Castanhão atingiu o auge da produção, alcançando a colocação de maior produtor de tilápia do Brasil. Naquela data, a atividade gerava renda para três mil famílias, entre empregos diretos e indiretos.
Nos anos seguintes, a produção entrou em processo de declínio devido à ausência de chuvas no Estado. Porém, agora, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Aquicultura, Turismo e Pesca de Jaguaribara, Lívia Barreto, se mostra otimista e faz projeções quanto ao futuro. "Acreditamos que o nível do Castanhão se elevará a contar de setembro", pontuou. A partir de então, piscicultores de pequeno porte, que já possuem concessão de uso do espelho d'água, poderão retomar a atividade que representa cerca de 70% da economia de Jaguaribara.
O presidente da Associação dos Criadores de Tilápia do Castanhão (Acrítica), Edivando Feitosa, diz que neste primeiro momento a expectativa é explorar apenas 5% da capacidade produtiva do reservatório. A estimativa é de que 200 produtores recomecem neste primeiro momento.
Processo
A volta, no entanto, não é automática. Mesmo que o açude supere a marca dos 20%, os médios e grandes piscicultores necessitam de novas outorgas e licença ambiental, concedidas pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O órgão, porém, prega cautela para evitar nova mortandade de peixes.
De acordo com Paulo Landim, médico veterinário e que se especializou em piscicultura, é necessário que se institua um seguro para a atividade, nos moldes do seguro-safra. "Seria constituído um fundo para socorrer os piscicultores quando houver mortandade elevada como no passado".